Os efeitos da desfrutificação seqüenciada de Coffea arabica cv Catuaí sobre o crescimento e a produção das plantas, foram estudados em condições de campo, de outubro de 1999 a setembro de 2001, em Viçosa, MG. A fase de crescimento ativo das plantas ocorreu entre setembro e março, período em que as temperaturas eram elevadas e as chuvas abundantes. As taxas de crescimento das plantas reduziram-se gradativamente a partir de abril, atingindo valores mínimos entre julho e agosto, quando as temperaturas mostravam-se mais baixas e as chuvas escassas. O crescimento vegetativo mostrou-se correlacionado com os fatores ambientes correntes. A periodicidade do crescimento não foi alterada pela remoção das estruturas reprodutivas, mas as taxas de crescimento foram superiores nas plantas desfrutificadas. Frutos em diferentes estádios de crescimento afetaram diferentemente o crescimento vegetativo do cafeeiro. Nas fases de expansão rápida do fruto e de acúmulo de matéria seca nas sementes, os frutos restringiram a expansão de ramos, o número de nós e o ganho de área foliar. A remoção das estruturas reprodutivas das plantas promoveu aumento no número de brotações de ordem superior. Plantas desfrutificadas no estádio inicial de crescimento dos frutos produziram maior número de estruturas florais no ciclo posterior ao tratamento. Quando efetuada próxima à maturação dos frutos, a desfrutificação levou a um menor número de estruturas florais, semelhantemente ao exibido pelas plantas não-desfrutificadas. No ciclo seguinte, não mais se observou efeito das desfrutificações sobre a intensidade da floração. As desfrutificações seqüenciadas até o final da fase de expansão rápida dos frutos (ciclo 1999/2000) resultaram em aumentos na primeira produção subseqüente de frutos. O número de frutos produzidos nas plantas tratadas logo após a floração principal resultou numa produção 40% maior que a das plantas não-desfrutificadas. Não foi encontrada diferença entre o número de frutos produzidos nas plantas cujos frutos foram removidos no estádio de chumbinho e nas plantas desfrutificadas na fase inicial de formação do endosperma. A produção de plantas desfrutificadas na fase final do enchimento dos grãos não fez aumentar o número de frutos produzidos, que foi idêntico ao das plantas não-desfrutificadas. Não se observou uma correlação definida entre os níveis de carboidratos em ramos e folhas e a produção. O amido parece ter-se acumulado em decorrência das menores taxas de crescimento ou da desfrutificação.
The effects of sequential defruiting on plant growth and production of Coffea arabica cv Catuaí trees were examined under field conditions, from October 1999 to September 2001, in Viçosa, MG. Active plant growth phase occurred from September to March, when temperatures were high and rainfall abundant. Plant growth rates decreased gradually from April onwards, reaching minimal values between July and August, when temperatures were lower and rainfall, scarce. Coffee plant growth showed to be correlated with current environmental factors. Growth periodicity was not altered by the removal of the reproductive structures from the plants, but growth rates were higher in defruited trees. Fruits under different growth stages affected vegetative growth differently. During the phase of rapid fruit expansion and dry matter accumulation in the seeds, the fruits restricted plagiothropic and ortothropic branch expansion, number of nodes and leaf area gain. Removal of reproductive structures from the plant also led to an increase in the number of lateral shoots of higher order. Removal of fruits in the initial stage of fruit growth resulted in a larger number of floral structures in the cycle after the treatment. When performed near fruit maturation, defruiting resulted in smaller number of floral structures, in a number similar to that of the non-defruited plants. In the following cycle, fruit removal effects were no longer observed on flowering intensity. Sequential defruitings accomplished until the end of the rapid expansion growth phase of the fruit (cycle 1999/2000) resulted in an increase in the first subsequent production of the fruits. Fruit number in plants treated right after the main flowering resulted in a 40% greater production than that of the non-defruited trees. No difference was found between the number of fruits produced in plants whose fruits were removed at the pinhead stage and the defruited plants at the initial phase of endosperm formation. Production of trees defruited at the final phase of grain filling did not cause an increase in fruit number, which was similar to that of defruited plants. No defined correlation was observed between carbohydrate levels in branches and leaves and tree production. Starch appeared to have accumulated as a result of the lowered growth rates and defruiting of trees.