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A inexistencia de estudos sobre retorno de investimento na atividade cafeicultura, bem como as poucas informações que se tem nesta área para outras atividades do setor rural levaram à realização desta pesquisa que se propôs investigar, através de
análises financeiras frequentemente aplicadas às empresas dos setores industrial e comercial, a situação econômico-financeira de uma empresa especializada na cultura do café, em Lavras, Sul de Minas Gerais, em um período de oito anos de produção.
O método de estudo de caso foi escolhido por ser indicado para investigação de assunto ainda não suficientemente conhecido, bem como pela possibilidade de obtenção de maior quantidade de informações sobre o objeto em estudo e sua apropriação para busca de indícios e idéias para novas pesquisas. A empresa estudada vem investindo na atividade café desde 1979 e sua contabilidade simplificada permitiu a elaboração de demonstrativos financeiros em valores reais, criando-se assim, uma serie histórica de dados de oito safras consecutivas (80/81 a 87/88), o que possibilitou a análise de sua evolução no período
considerado, bem como a determinação de índices que evidenciassem os seus resultados. A adoção pela empresa de uma política de crescimento e de independência financeira fez com que todo lucro apurado fosse reinvestido na condução técnica e financeiramente administrável do empreendimento, o que possibilitou um crescimento real médio de seu patrimônio líquido de 50,41% ao ano no período considerado, decorrente de investimentos em terras, lavouras, benfeitorias, máquinas e equipamentos refletindo uma aplicação média anual de 27,14% do total de saída de recursos da empresa durante as safras 80/81 a 87/88. A maior necessidade de recursos na empresa foi constatada nos tres primeiros anos, pela ut ilização de empréstimos bancários e de particulares e a maior participação de venda de cereais para composicao das Receitas. O café representou no período analisado o principal componente de Receitas com participação média de 71.60%. Os principais componentes do total de Despesas durante o período considerado foram mão-de-obra, insumos e despesas com máquinas,
equipamentos e veículos, com participações médias de 26,60%, 26,007 e 14,507 respectivamente. Oscilações foram verificadas nos resultados, desde um prejuízo ocorrido no primeiro ano até seu maior valor verificado na safra 84/85, em função de variações nas quantidades vendidas e nos preços praticados. Os índices financeiros determinados revelaram que o grau de endividamento da empresa declinou de 20,78% no primeiro ano para 1,10% no final do período considerado, com uma média de
10.02%; o índice médio de imobilização do patrimônio no período considerado foi de 80,55%; o índice de liquidez geral médio foi de 8,54. Estes resultados permitiram constatar as políticas de crescimento e independência financeira adotadas pela empresa. Os índices de retorno sobre o patrimônio líquido conferiram uma média anual para o período analisado de 13,86%, valor este superior aos índices encontrados para o setor agropecuári, de uma maneira geral e para a atividade bovinocultura de corte, únicos parametros comparativos encontrados. A margem líquida média durante o período considerado foi de 35,04%. A aplicação do modelo de Kanitz na empresa revelou que o grau de solvência da mesma foi satisfatório em praticamente todo o período analisado. Ficaram evidenciadas a aplicabilidade de índices financeiros em empresas do setor rural e a viabilidade do
investimento na cafeicultura do Sul de Minas. |
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