Estudos in vivo e in vitro, têm observado que dois dos principais metabólitos presentes no café, a cafeína e o ácido cafeico, podem modular a atividade da via mTOR, considerada via chave na hipertrofia induzida por sobrecarga. Entretanto o efeito dessas substâncias nas adaptações do músculo esquelético induzida por treinamento ainda permanece desconhecido. OBJETIVO: Avaliar o efeito da administração crônica da cafeína, do ácido cafeico e a interação de ambos nas adaptações do músculo esquelético induzidas pelo treinamento com sobrecarga. MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados 50 ratos Wistar divididos em 5 grupos: 1) Sedentário (S); 2) Treinado (T); 3) Treinado + cafeína (TC); 4) Treinado + ácido cafeico (TAc); 5) Treinado + cafeína e ácido cafeico (TCAc). Os grupos realizaram o treinamento de escalada de escada com cargas progressivas 3 vezes por semana durante 10 semanas. A suplementação foi administrada por gavagem (30 mg/kg) com duas doses diárias durante as 10 semanas de treinamento. Foram avaliados o as alterações no peso corporal, ingestão alimentar, desempenho de força (carga conduzida; carga total; volume de treinamento; n° de escaladas) e massa muscular dos músculos sóleo, plantar e extensor digital longo. Também foi analisada a área de secção transversa das fibras musculares utilizando a técnica de histologia por coloração com Hematoxilina e Eosina. RESULTADOS: Divididos em dois momentos, primeiro identificando o efeito do protocolo de treinamento (S vs. T) e em seguida identificando o efeito da suplementação (T; TC; TAc; TCAc). No primeiro momento, o protocolo de treinamento foi efetivo para aumentar a força no teste de carga conduzida (grupo T: 813 ± 122,8g vs. grupo S: 383 ± 67,0g; p < 0.0001) e no teste de carga total (grupo T: 1269,8 ± 143,4g vs. grupo S: 878,0 ± 81,0g; p < 0.0001) após a 10a semana de treinamento. Além disso, ganhos de força foram observados ao longo do tempo (p < 0,0001). O treinamento também provocou reduções na ingestão alimentar total (grupo T: 245,6 ± 11,6g vs. grupo S: 270,8 ± 26,9g; p = 0,0068). Não foram encontradas alterações no peso corporal, na massa muscular e na área de secção transversa dos músculos avaliados (valores de p ≥ 0,09). No segundo momento, quando avaliado o efeito da suplementação, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos para desempenho de força, peso corporal e ingestão alimentar (valores de p ≥ 0,13). Para alterações na massa muscular, quando o peso do músculo sóleo foi normalizado pelo peso corporal final, foi encontrado efeito principal para a cafeína (p = 0,01) e diferença entre os grupos T < TCAc (p = 0,03). Diferença entre os grupos T < TCAc também foi encontrada para o músculo plantar normalizado pelo peso corporal (p = 0,04), porém, com efeito principal para o ácido cafeico (p = 0,04). Entretanto, a análise da área de secção transversa das fibras não confirmaram esses resultados (valores de p ≥ 0,19). Além disso, não foram observadas diferenças na massa muscular quando analisado o peso do tecido, ou normalizado pelo comprimento da tíbia ou peso seco entre os grupos (valores de p ≥ 0,05). CONCLUSÂO: Os resultados do presente estudo demonstram que a cafeína e/ou ácido cafeico associados ao treinamento não estimularam aumentos na massa muscular e força. Os resultados demonstraram que o protocolo de treinamento foi efetivo para estimular maiores ganhos de força no grupo treinado, porém não foi observada hipertrofia muscular que pode estar associado ao menor consumo alimentar nos grupos treinados.
In vivo and in vitro studies have been demonstrating that two of the main metabolites present in coffee - caffeine and caffeic acid - can modulate mTOR pathway activity, which is considered the key pathway in overload-induced skeletal muscle hypertrophy. However, the effect of these substances on skeletal muscle adaptations induced by resistance training remains unknown. OBJECTIVE: To evaluate the effect of chronic administration of caffeine, caffeic acid and their combination of both on skeletal muscle adaptations induced by resistance training. MATERIALS AND METHODS: Fifty male Wistar rats were divided into 5 groups: 1) Sedentary (S); 2) Trained (T); 3) Trained + caffeine (TC); 4) Trained + caffeic acid (TAc); 5) Trained + caffeine plus caffeic acid (TCAc). The groups performed ladder-climbing training with progressive loads 3 times per week for 10 weeks. Supplementation was given by gavage (30 mg/kg) with two daily doses during the 10 weeks of training. The changes in body weight, food intake, strength performance (load carried, total load, training volume, number of climbs) and muscle mass of the soleus, plantar and long digital extensor muscles were evaluated. We also analyzed the cross-sectional area of the muscle fibers using the histology technique by staining with Hematoxylin and Eosin. RESULTS: The study was divided in two moments, first identifying the effect of training protocol (S vs. T) and then identifying the effect of supplementation (T; TC; TAc; TCAc). The training protocol was effective to increase strength in the maximum carried loading test (T: 813 ± 122.8g vs. S: 383 ± 67.0g; p < 0.0001) and in the total loading test (S: 878.0 ± 81.0g vs. T: 1269.8 ± 143.4g; p < 0.0001) after the 10th week of training. In addition, strength gains were observed over time (p < 0.0001). Training protocol also led to reductions in total food intake (T: 245.6 ± 11.6g vs. S: 270.8 ± 26.9g p = 0.0068). No changes were observed in body weight, muscle mass and cross-sectional area of soleus, plantar and EDL (all p ≥ 0.09). When the effect of supplementation was evaluated, no significant differences were found in strength performance, body weight and food intake (all p ≥ 0.13). For changes in muscle mass, when weight of soleus muscle was normalized by final body weight, main effect was found for caffeine (p = 0.01) and difference between T < TCAc groups (p = 0.03). The difference between the groups T < TCAc was also found for the plantar muscle normalized by body weight (p = 0.04), but with main effect for caffeic acid (p = 0.04). However, the analysis of the cross-sectional area of the fibers did not confirm these results (all values of p ≥ 0.19). In addition, no differences in muscle mass were observed when tissue weight was analyzed or normalized by tibia length or dry weight between groups (p values ≥ 0.05). CONCLUSION: The results of the present study demonstrate that the caffeine and/or caffeic acid associated with resistance training did not result in further increases in muscle mass and strength. The resistance training protocol was effective in stimulating greater increases in strength in trained group, but no skeletal muscle hypertrophy was observed, which may is associated with lower food consumption in the trained condition.