Resumo:
Cultivares de café contendo reduzido teor de cafeína nos grãos pode constituir uma nova opção de cultivo para os produtores, uma vez que o valor agregado já vem do campo, resultante da sua constituição genética. Além disso, o produto de uma cultivar com este perfil seria uma nova opção para o grupo de consumidores que apreciam a bebida, mas possuem algum grau de sensibilidade ao alcalóide. Entre as diversas estratégias de trabalho possíveis, optou-se por lançar mão de um Banco de Germoplasma de C. arabica, buscando-se materiais com reduzido teor de cafeína nos grãos (Silvarolla et al., 2000). O resultado mais significativo deste trabalho foi a identificação de três plantas mutantes, denominadas AC1, AC2 e AC3. O mutante IAC 045125 (AC1) vem sendo utilizado no melhoramento convencional do cafeeiro do IAC em cruzamentos com cultivares elite visando reunir qualidade de bebida e melhor produção ao baixo nível de cafeína nos grãos. A outra linha é a clonagem deste mutante avaliando-se neste caso a técnica de enxertia alta. Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência do uso da técnica de enxertia alta do mutante IAC 045125 (C. arabica) sobre C. canephora, avaliando-se para tanto a produção e os teores de cafeína nos grãos. O experimento foi instalado no Centro Experimental do Instituto Agronômico, Centro de Café ‘Alcides Carvalho’, em Campinas/SP, Brasil, no ano de 2011. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos e 12 repetições. Os tratamentos foram constituídos do mutante IAC045125 em pé franco e na condição de enxertia alta sobre Coffea canephora (AC1/C. canephora) e a cultivar Mundo Novo IAC376-4, em pé franco. Foi avaliada a produção da safra 2013/2014 e o teor de cafeína nos grãos. Os dados de produção obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 1% de probabilidade. Os resultados obtidos com as plantas enxertadas não diferiram estatisticamente daqueles obtidos com a cultivar Mundo Novo, evidenciando a eficiência da enxertia neste caso específico. O teor de cafeína não se alterou com o uso da enxertia. Considerando-se que os dados apresentados referem-se à primeira colheita e, sobretudo, porque no período ocorreu um forte stress de seca e calor, é possível supor que a enxertia, neste caso, mostrou-se positiva para aumento da produção, eventualmente podendo vir a constituir uma ferramenta útil ao melhoramento. Serão avaliados os dados de pelo menos mais três safras para se confirmar esta suposição e permitir seu uso mais amplo no melhoramento. A utilização da enxertia do mutante IAC 045125 em porta enxerto C. canephora mostrou-se eficiente no aumento na produção nas condições estudadas.