Resumo:
A lenta germinação de sementes de café permanece não elucidada, embora seja sempre evidenciada em estudos sobre aspectos fisiológicos desta espécie. Têm sido sugeridas como prováveis causas, o impedimento à absorção de água e O2 pela presença do endocarpo, a presença de inibidores naturais ou o balanço hormonal. A cafeína, um alcaloide presente em sementes de cafeeiro perfaz de 1 a 2% do peso seco da semente ou uma média de 40 mM e pode inibir a germinação de sementes ou crescimento de plântulas, mas estudos da inibição de sementes de cafeeiro, por ação da cafeína endógena e ou exógena, são escassos. O presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito de cafeína exógena sobre a germinação e o desenvolvimento de embriões de Coffea arabica L. e de Coffea canephora Pierre. O experimento foi realizado nos laboratórios de Análise de Sementes/DAG e de Cultura de Tecidos/Fisiologia Vegetal/DB da UFLA, utilizando-se frutos no estádio cereja da cultivar Rubi. Após desinfestação dos frutos por 30 minutos de imersão em hipoclorito de sódio (2% i.a.) e lavagem por três vezes em água destilada e autoclavada, os embriões foram retirados e inoculados, de modo asséptico, em placas de petri com meio MS 50%, acrescido de sacarose e suplementado com diferentes concentrações de cafeína (0,00; 0,05; 0,10; 0,15; 0,20; 0,25; 0,30 e 0,40%). Os embriões foram mantidos em sala de crescimento a 27 ± 2oC e intensidade luminosa de 13mmol.s-1.m-2 durante 23 dias quando avaliou-se o comprimento da parte aérea, comprimento de raiz e peso fresco das plântulas. Com cinco dias após o cultivo avaliou-se a porcentagem de germinação, computando-se os embriões com cotilédones abertos e com emissão de radículas, peso fresco de raízes e peso fresco de plântulas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 6 repetições por tratamento, sendo cada repetição constituída por 5 embriões. A germinação e o desenvolvimento de embriões de Coffea arabica L. e de Coffea canephora Pierre são afetados por cafeína exógena, sendo este efeito mais drástico nas radículas do que nos cotilédones. Em embriões de Coffea arabica L. concentrações de cafeína superiores a 0,20% afetam drasticamente a emissão de radículas. Já a emissão de radículas em embriões de Coffea canephora Pierre, não é afetada até as concentrações de 0,30%, indicando ser esta espécie menos sensível aos efeitos inibidores da cafeína exógena.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.