Resumo:
O Estado do Espírito Santo é o maior produtor de Coffea canephora variedade Conilon do Brasil, com 70% da produção nacional. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, iniciou o programa de melhoramento com a espécie em 1985. Primeiramente, selecionaram-se plantas em vários municípios do Estado e, posteriormente, avaliaram-se as mesmas (clones) em ensaios avançados. Com base nas avaliações desses materiais genéticos para diversas características morfo-agronômicas, produtividade, ciclo e reação à doenças, foram lançadas cinco variedades para o Estado. Dentro do programa de melhoramento, são introduzidos continuamente novos materiais para os ensaios de avaliações, provenientes das seleções regionais e, ou introduções de outras regiões do país. Esse trabalho visa avaliar a performance de quarenta e sete clones e de três variedades propagadas por sementes (testemunhas), sem irrigação, em sete colheitas, e realizar a estimativa de alguns parâmetros genéticos. O experimento foi instalado em 1992 na Fazenda Experimental de Sooretama/Incaper, municipio de Sooretama - ES, a 40 m de altitude, em solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, com 80% de areia e baixo teor de matéria orgânica; precipitação pluviométrica média anual de 1100 mm, mal distribuída, com déficit hídrico de abril a setembro; temperatura média anual de 24°C, atingindo 35°C e umidade relativa média do ar de 80%. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, com doze repetições e espaçamento de 3,0 x 1,5 metros. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o programa computacional GENES. Nas análises de variância, individual e conjunta,
verificou-se diferenças significativas para genótipos (Pd"0,01), mostrando variabilidade entre os materiais genéticos. Observou-se também diferenças significativas para anos e para a interação genótipos x anos (G x A), evidenciando heterogeneidade de comportamento dos germoplasmas nos diferentes anos. A produtividade média de sete colheitas (1995 a 2001) foi de 38,45 sacas/ha, com variação de 10,71 a 63,57 sacas/ha. Na estimativa dos parâmetros genéticos, verificou-se que a variância genética alcançou valores de 0,61 a 7,88 e o coeficiente de determinação genotípico foi superior a 92% em todos os anos, variando de 92,72 a 96,94, indicando, assim, uma condição propícia ao melhoramento. Na comparação de médias dos genótipos, pelo teste de Scott e Knott foram formados cinco grupos. Trinta e sete clones apresentaram produtividades superiores
à melhor testemunha (29,79 sacas/ha), destacando-se "ES 73,ES 60, ES 12, ES 38, ES 16, ES 01, ES 02, ES 17 e ES 11", com produtividades de 50,28 a 64,03 sacas./ha, caracterizando assim o expressivo potencial desses materiais genéticos em condições não irrigadas e de estresse hídrico.