Resumo:
O mais tradicional produto de exportações brasileiras tem perdido espaço tanto na composição da pauta como no mercado mundial do produto. Representou 70% das nossas exportações, na década de 20, 50% em 1960 e hoje está limitado a 5%. O Brasil ainda é o maior exportador, mas sua participação no mercado é decrescente: 39% em 1960 e 22% em 1998, o país chegou a responder por 80% da produção mundial. Hoje é conhecido como um país exportador de quantidade, e não de qualidade, recebendo preços mais baixos do que a média das cotações internacionais. Muitas vezes o produto final tem composição majoritariamente brasileira, mas é vendido como café colombiano nos principais mercados mundiais, que têm qualidade e marketing no mercado mundial (Ormond et al, 1999). A produção mundial de café alcançou cerca de 106 milhões de sacas em 1998, das quais 80% são negociadas no mercado mundial (FNP, 2000). A taxa de crescimento foi de apenas 0,2% a.a. nesta década, condição considerada como estagnação do consumo (Ormond et al, 1999). O mercado cafeeiro tem características peculiares como: reações defasadas da oferta para responder aos estímulos de preços de até 5 anos; mesmo com estímulos negativos de preços pode haver um crescimento da oferta em função do início da produção de novos cafeeiros, como recentemente, os preços do café podem recuperar-se em plena safra (Bacha, 1998); bianualidade da produção; demanda relativamente inelástica, a curto prazo, o que provoca uma forte variação de preços quando da ocorrência de uma grande flutuação na oferta; e fatores climáticos (geada ou seca), que afetam o fluxo da mercadoria (Saes, 1995). O Brasil, ainda é o maior produtor, com uma produção oscilando entre 38 a 9 milhões de sacas entre 1960 e 1998. Na safra 98/99 a produção foi de 34,5 milhões de sacas, a melhor desde 1987. O segundo maior produtor é a Colômbia, que com o Brasil detêm cerca de 42% da produção mundial. A maior produção é de Minas Gerais, produzindo de 1985 a 1997, 38% do total de café verde brasileiro; São Paulo (20%), Espírito Santo com 17%; Paraná, quarto maior produtor, com 13% do café nacional. Estes quatro estados juntos respondem por 88% da oferta de café brasileiro (CBPC&D/Empraba, 1999). O preço do café no mercado internacional apresenta uma tendência de queda, desde meados da década de 40 até meados da década de 90, em termos de preços reais. A média histórica (1946-96) é de 210 centavos de US$/libra-peso. Após 1986, segue-se uma grande depressão que culminou em agosto de 1992 com a menor cotação do café na história: 46,65 centavos de dólar/libra-peso. Entre 1990 e 1993, o preço indicativo real da OIC, deflacionado pelo índice de preços dos produtos industriais nos EUA, alcançou 42% da sua média nos
quatro últimos anos de aplicação plena do convênio(1985 a 1988). Mais tarde os preços subiram, mas em termos reais, a média no período 1994-97 só alcançou 79% dos seus níveis em 1985-88. Em termos reais, portanto, os preços de café se mantiveram mais de 20% abaixo dos níveis que haviam alcançado nos últimos anos de intervenção aativa da OIC, tornando-se, também, mais variáveis, com volatilidade nominal mensal 3 de 14,8%, período de 1981-88, saltando para 37% nos oito anos do período pós-intervencionista, 1990- 97Com a instalação da APPC (Associação dos Países Produtores de Café), criou-se uma política de retenção e aliada a uma geada ocorrida em 1994 no Brasil fez com que os preços se recuperassem. Estuda-se neste trabalho um modelo de oferta para o café no Brasil, período de 1960 a 1998.