O presente trabalho consistiu no desenvolvimento e avaliação de um modelo de simulação voltado à análise de risco econômico, servindo de auxílio nas tomadas de decisão quanto ao planejamento e gerenciamento dos projetos de irrigação da cultura do cafeeiro. A linguagem de programação utilizada foi o visual Basic aplicada ao Excel (Linguagem de Macro), e o processo de simulação baseou-se no método de "Monte Carlo". Cuidados foram tomados para que a estrutura do modelo fosse versátil e servisse também para a solução de problemas freqüentes na agricultura irrigada. As análises de aplicação do modelo foram feitas com os dados levantados em duas propriedades que irrigam o cafeeiro: Faria e Macaúbas. A propriedade Faria situa-se na cidade de Lavras-MG, região Sul de Minas, e possui sistema de irrigação por gotejamento de 13,5 ha. A propriedade Macaúbas situa-se na cidade de Araguari-MG, região do Triângulo Mineiro, e possui sistema de irrigação pivô central de 98,4 ha. Três pacotes tecnológicos (40, 60 e 80 sc/ha), seis manejos anuais de irrigação e a ocorrência de eventualidades na vida útil da cultura, foram analisados. O modelo desenvolvido mostrou-se eficiente para realizar os cálculos voltados ao planejamento e determinação do risco econômico da cafeicultura irrigada e a estrutura modular proposta possibilita o acompanhamento de grande parte do processo de cálculo das análises de simulação. O equacionamento proposto para estimar a evapotranspiração de referência (ETo), o armazenamento de água no solo, as despesas com água e energia, os benefícios e a produção, apresentaram resultados satisfatórios. As opções disponíveis, bem como os mecanismos de ajustes existentes, possibilitam a escolha das melhores alternativas e a composição de cenários para serem analisados. Com algumas modificações nas séries de preços e na função de produção, o modelo poderá ser adaptado futuramente para analisar economicamente outras culturas perenes de comportamento semelhante ao cafeeiro. De maneira geral, as análises de risco econômico da cafeicultura irrigada, realizadas para as propriedades Faria e Macaúbas, mostraram que: - Não é viável economicamente produzir café no pacote tecnológico de 40 sc/ha na propriedade Faria. Na propriedade Macaúbas, o mesmo pacote tecnológico mostrou-se viável economicamente somente no manejo de irrigação suplementar durante todo o ano. Os demais manejos analisados apresentam risco de um valor presente líquido negativo. - Os pacotes tecnológicos de 60 sc/ha e 80 sc/ha mostraram-se economicamente viáveis para as duas propriedades, adotando-se ou não a irrigação. O manejo de irrigação suplementar durante todo ano sempre mostrou-se a melhor alternativa econômica. - A ocorrência de eventualidades não comprometeu a viabilidade dos dois projetos de irrigação, quando conduzidos no pacote tecnológico de 60 sc/ha e manejo de irrigação suplementar durante todo o ano; apenas reduziram a lucratividade. A eventualidade, considerando o atraso de dois anos no início da produção da lavoura cafeeira, foi a mais prejudicial dentre aquelas analisadas. - Em relação ao custo total de produção da cafeicultura irrigada nas duas propriedades, verificou-se nos anos de vida útil da cultura que: os serviços e os materiais foram os itens mais significativos no custo total, ficando entre 40,7% e 60,4% para os serviços, e entre 15,3% e 34,3% para os materiais; as despesas com energia elétrica e água são pequenas, considerando-se a irrigação suplementar durante todo o ano, as despesas nunca foram maiores que 3,8% para a Fazenda Faria, e 5,0% para a Fazenda Macaúbas; os custos médios com o sistema de irrigação ficaram entre 10,3% e 29,7% para a Fazenda Faria, e entre 7,00% e 19,4% para a Fazenda Macaúbas.
This study shows the application of an economic risk model to help the decision makers on planning process for coffee irrigation projects. The model was built in Excel sheet using visual Basic Macro and the simulation process used Monte Carlo method. It was used data from two irrigated coffee farms located at Lavras, MG (13.5 ha) and Araguari, MG (98.4 ha). Three different yield technology levels (2,500; 3,600; 4,800 kg/ha), and six irrigation treatments were analyzed. The model showed good efficiency in planning and economic risk determination. The methods used by the model to determine reference evapotranspiration (ETo), soil water balance, energy and water cost showed good results and enabled to determine the best economic option. An application of the model permits the following conclusions: - It was not economically viable to, produce coffee using the 2,40O kg/ha yield technology level at Lavras farm. The same technology level was viable when the coffee was irrigated all the year for Araguari farm; - The 3,600 kg/ha and 4,800 kg/ha were economic viable for both farms and they were independent on irrigation; - Different sceneries were analyzed and the worst scenery was the yield loss for two following years. Even in the worst scenery, the 3,600 kg/ha yield technology level showed economical viability with irrigation along all the year; - Variable cost was the most significant cost in the coffee production. The energy and water cost represented 3.8% for Lavras farm and 5.0% for Araguari farm. The irrigation cost was in a range 10.3% to 29.7% for Lavras farm and 7.0% to 19.4% for Araguari farm.