Visando fornecer subsídios para a utilização de germoplasma silvestre de Coffea arabica no melhoramento genético, realizou-se sua caracterização quanto ao teor de cafeína nas sementes, num programa de pré-melhoramento. O banco de germoplasma de café do IAC é bastante representativo, especialmente em acessos de cafeeiros arábicas originários da Etiópia, centro de origem e diversidade do cafeeiro, onde se espera a máxima diversidade genética para a espécie. O interesse em avaliar de maneira sistemática estes materiais resulta do fato de que, a identificação de genótipos com teores de cafeína significativamente baixos facilitaria os trabalhos de melhoramento visando a obtenção de cafeeiros com teores de cafeína naturalmente baixos nas sementes, uma vez que as hibridações ficariam restritas a uma mesma espécie. Considerando-se que o Brasil é o maior produtor mundial de café, os trabalhos de melhoramento genético assumem especial significado, uma vez que proporcionam a agregação de valor ao produto diretamente no campo, refletindo-se em toda a cadeia produtiva. Em linhas gerais, o trabalho envolveu as seguintes fases: coleta individual de uma amostra de frutos de cada planta seguida de seu preparo e extração da cafeína em solução metanólica e posterior dosagem em HPLC. A grande maioria das plantas analisadas apresentou variabilidade para a característica tanto entre como dentro das progênies, porém, de magnitude relativamente baixa. Entretanto, foram identificadas 3 plantas de uma mesma progênie com teores de cafeína da ordem de 0,07%, denominadas AC em homenagem ao Pesquisador Alcides Carvalho, o que as recomenda como base para o desenvolvimento, via melhoramento convencional, de uma nova cultivar com esta característica. Além disso, a descoberta das plantas AC revela o grande potencial de aplicação prática dos recursos genéticos mantidos em Bancos de Germoplasma, reforçando a necessidade de sua preservação e caracterização.
Aiming to provide support for the use of wild germplasm of Coffea arabica in coffee breeding programs, the content of caffeine was determined in seeds from plants in a pre-breeding program. The coffee germplasm bank of IAC has several Arabica accessions from Ethiopia, the center of origin and diversity of coffee, from where it is expected wide genetic diversity for this species. The interest to evaluate in a systematic way these coffee accessions results from the fact that the identification of genotypes containing low caffeine would facilitate a breeding program for low caffeine since the hybridizations would be restrict to the same species. Brazil is the biggest coffee producer in the world and genetic breeding research has special importance as it provides aggregation of value to the product coming from the field, influencing the whole productive chain. In summary, this work involves the collection of seeds from each individual in the field, extraction of caffeine in a methanolic solution and then the alkaloid determination by liquid chromatography (HPLC). The analyses showed variability for caffeine among plants of the same progeny as well as among progenies, however, in a low range of variation. Three plants were identified as having approximately 0.07% caffeine in their seeds. They were nominated AC’s in homage to the coffee breeder Alcides Carvalho, and they will be used in a conventional breeding program to select productive cultivars containing low caffeine in the seeds. Additionally, the finding of the AC plants reveals the great practical potential for the use of genetic resource from Germplasm banks, supporting the need of preservation and characterization.