Resumo:
O excesso de radiação solar e temperatura, associados a deficiência hídrica provocam o depauperamento do cafeeiro, a redução da produtividade e acentuam a bianualidade de produção. Diversos estudos de arborização conduzidos no Paraná têm mostrado as vantagens do uso de um sombreamento controlado para a cultura do café. Dentre estes, destaca-se o uso de guandu na fase de formação da lavoura, que é uma prática que vem apresentando resultados positivos e já é adotada por muitos produtores. O presente trabalho visa definir a densidade ideal de sombreamento que favoreça o estabelecimento dos cafeeiros e a primeira produção, a qual está relacionada com o nível de insolação nas gemas no período que antecede o inverno. O experimento foi instalado em uma área de produtor, no município de Abatiá-PR, a partir de julho de 2001. Os cafeeiros são da variedade IAC-33 - TUPI, com idade de 3 anos plantados com espaçamento de 2,5 m entre linhas e 0,5 m entre covas. Estão sendo avaliados três tratamentos com 4 repetições, montados em blocos casualizados: uma linha de guandu comum a cada linha de café sem nenhum tipo de manejo; uma linha de guandu comum a cada linha de café com podas laterais de rebaixamento do guandu, segundo manejo do produtor e tratamento testemunha conduzido a pleno sol. Cada parcela foi constituída de três ruas de café com 20 metros de comprimento. A avaliação da produção foi feita em julho de 2002, colhendo-se o café maduro, numa única operação de derriça no pano, separadamente em cada parcela, obtendo-se o peso médio do café colhido em cada tratamento. A seguir retirou-se três amostras de 4,0 kg do café colhido para secagem no terreiro até
atingir média de 11% de umidade, obtendo-se o valor equivalente de café em coco. Finalmente cada amostra de café em coco foi beneficiada individualmente e obtida renda do benefício de cada tratamento. Durante o período experimental, de fevereiro a maio de 2002 ocorreu déficit hídrico contínuo, com temperaturas médias do ar em torno de 2 o C acima do esperado para a região, o que acentuou a condição de estresse nas lavouras a pleno sol. A produção de café em coco obtida nos três tratamentos analisados foi semelhante. No entanto, a renda do benefício e a produção final de café beneficiado foi superior nas parcelas arborizadas, resultando em 679,2 kg/ha no tratamento de guandu sem manejo e 678,8 kg/ha no tratamento de guandu com manejo, contra 543,2 kg/ha a pleno sol. Estes dados mostram que no ambiente arborizado, devido à atenuação da
radiação incidente e conseqüente redução na temperatura e demanda evaporativa, houve melhores condições para desenvolvimento dos grãos e maturação, resultando em frutos de maior tamanho e peso que proporcionaram maior volume beneficiado. Portanto, em ambientes com temperatura elevada e deficiência hídrica, a arborização é uma prática que contribui para melhorar as condições de produção.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.