Resumo:
Dentre os principais problemas fitossanitários da cultura de café no Brasil, destacam-se a ferrugem alaranjada (Hemileia vastatrix Berk et Br) e o bicho-mineiro (Leucopetera coffeella), por causarem grande redução na produtividade das lavouras. A principal forma de controle do bicho-mineiro e da ferrugem do cafeeiro tem sido através da aplicação de pesticidas químicos, os quais, além de onerarem o custo de produção, apresentam risco de contaminação ambiental. Alternativamente ao controle químico, a utilização de variedades resistentes a pragas e doenças representa uma forma de controle mais econômica e sem risco de poluição ambiental. Atualmente, diversas variedades de café arábica resistentes à ferrugem estão disponíveis para agricultores. Todavia, ainda não existem variedades de café arábica resistentes ao bicho-mineiro. Este trabalho visa o desenvolvimento de variedades de café com resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem alaranjada do cafeeiro. Como fonte de resistência ao bicho-mineiro foi utilizado um híbrido entre C. arabica e C. racemosa, obtido pelo IAC. Catimor e Catucaí foram utilizados para a obtenção de resistência à ferrugem. Os trabalhos tiveram início na década de 1980 por pesquisadores do então IBC, e atualmente têm continuidade no MAPA/ Procafé. Dezenas de progênies com resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem tem sido avaliadas e selecionadas em diversos ensaios nas regiões de Varginha, Patrocínio, Coramandel e Manhuaçu, no Estado de Minas Gerais. As melhores progênies apresentam alta resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem, boa produtividade, bom
vigor, uniformidade de maturação de frutos, alta percentagem de frutos do tipo chato e baixa percentagem de sementes do tipo moca e concha e de frutos sem sementes (frutos chochos). Algumas progênies ainda estão segregando para resistência ao bicho-mineiro e outras características de interesse agronômico e serão submetidas a mais ciclos de autofecundação e seleção. Paralelamente à multiplicação por via sexual, as melhores plantas estão sendo multiplicadas por propagação vegetativa (estaquia), a fim de iniciar ensaios de competição em diversas regiões cafeeiras. A resistência ao bicho-mineiro também está sendo transferida para a cultivar Catucaí através de um programa de retrocruzamentos.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.