Resumo:
Entre os diversos patógenos que atacam o cafeeiro ultimamente no Brasil, têm-se destacado diferentes espécies do fungo do gênero Colletotrichum. Ocorreu uma incidência ampla e severa de fungo identificado como Colletotrichum gloeosporioides com sintoma similar ao descrito por Paradela Filho et al. (2001) com danos sobre os frutos e os ramos, provocando lesões necróticas em gemas, flores, chumbinhos e frutos, provocando a morte e a queda, e enegrecimento e morte de ramos. Foi avaliado um experimento de progênies de cafeeiros resistentes à ferrugem, conduzido no IAPAR de Londrina, no espaçamento 2,5m x 0,5m e o plantio realizado em maio de 1997, onde ocorreu o patógeno com intensidade moderada e de forma generalizada. O experimento foi instalado em delineamento em blocos ao acaso com 56 tratamentos, 2 repetições e parcelas de 10 plantas.
Destes 56 tratamentos, 27 são progênies F 2 do cruzamento ‘IAPAR-59’ x (‘Catuaí’ x ‘Icatu’) e 23 são progênies F 2 do cruzamento ‘IAPAR-59’ x ‘Mundo Novo’. Para a ocorrência de Colletotrichum spp. foram utilizadas como testemunha as cultivares IAPAR-59 e Catuaí Vermelho IAC-81. Foram estimadas as correlações genéticas entre a ocorrência de Colletotrichum spp. com outras características agronômicas como maturação dos frutos, porte da planta e outros. As avaliações das características vigor vegetativo, maturação dos frutos e porte da planta foram realizadas em maio de 2000. As avaliações de ocorrência da bacteriose (Pseudomonas syringae pv. garcae) e Colletotrichum spp. foram realizadas em setembro de 2001 e dezembro de 2001, respectivamente. Estas avaliações foram realizadas através de notas subjetivas. As notas de ocorrência de Colletotrichum spp. variaram de 1 a 5, sendo 1, plantas sem lesões. As notas de bacteriose variaram de 1 a 6, sendo 1, plantas
sem lesões. As notas de vigor vegetativo variaram de 1 a 10, sendo 10, a planta com maior vigor. Para a maturação dos frutos as notas variaram de 1 a 5, sendo 1, maturação mais tardia. Para o porte da planta as notas variaram de 1 a 5, sendo 1, planta de menor porte. Foi utilizado o programa Genes (CRUZ, 2001) para realizar a análise de variância da média da parcela e a matriz de correlação genotípica. Houve uma correlação positiva e significativa (r g = 0,94) para a ocorrência de bacteriose. Isto pode ser devido a ocorrência simultânea das duas doenças, aproximadamente, na mesma época. A maturação apresentou uma correlação positiva e significativa (r g = 0,80) provavelmente porque o material genético mais precoce envolve como progenitor
uma cultivar altamente suscetível e menos vigorosa e de maior porte. O porte da planta apresentou uma correlação positiva e significativa (r g = 0,89) e o vigor vegetativo uma correlação negativa e significativa (r g = - 0,92). Isto está de acordo com a estimativa de correlação de -0,91 entre o porte da planta e o vigor vegetativo, indicando que sendo de maior porte, menor é o vigor vegetativo (r g = -0,91). Provavelmente, a ocorrência de Colletotrichum spp. é maior em cafeeiros com maior suscetibilidade à bacteriose devido a maior suscetibilidade ao vento proporcionada por porte mais alto, ocasionando ferimentos, que são "portas de entrada" para estas duas doenças. Os resultados sugerem que a ocorrência de Colletotrichum spp. aumenta em cafeeiros com maior ocorrência de bacteriose (Pseudomonas syringae pv. garcae), porte maior da planta e menor vigor
vegetativo.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.