Resumo:
O mercado do café brasileiro é coordenado por um mecanismo regulatório responsável pela padronização e classificação oficial dos lotes da produção nacional. O cerne do sistema de classificação são os deméritos das amostras, o que desprestigia a qualidade intrínseca dos cafés comercializados e compromete seu desempenho em preço. Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que estudou a tríplice inter-relação entre o sistema de classificação do café, os atributos de qualidade requeridos pela indústria e a remuneração do produto ao cafeicultor. Treze agentes da cadeia produtiva foram investigados: cinco cooperativas das principais regiões cafeeiras do país, cinco torrefadoras a elas associadas e três empresas intermediárias (traders) da região de Hamburgo, na Alemanha. Os resultados atestam a necessidade de intervenção na coordenação do mercado e revelam estratégias já implantadas pelo setor produtivo capazes de evidenciar melhor a qualidade dos lotes nas negociações, orientar melhor o sistema de pagamento e criar condições para melhor desempenho em preço do produto no mercado internacional.