Resumo:
Desde sua constatação no Brasil em 1970, a ferrugem causada por Hemileia vastatrix continua sendo a principal doença da cultura do café. A ocorrência de diferentes raças fisiológicas tem sido um fato que preocupa os profissionais envolvidos no melhoramento genético visando a resistência ao patógeno, obrigando a monitorar e identificar as raças existentes nos cafeeiros em seleção. E foi com esse objetivo que se procedeu a avaliações de campo e testes em laboratório. Foram avaliados ensaios de progênies originadas de híbridos entre Catuaí X Híbrido de Timor e Catuaí X B.A.10, totalizando 2500 plantas. Para tanto foi empregada escala de notas de 0 (imune) a 4 (suscetível) adaptada do CIFC (Centro Internacional das Ferrugens do Cafeeiro). Das plantas que apresentaram suscetibilidade intermediária (notas de 2+ a 3+), foram coletadas 6 amostras dos uredosporos e submetidas ao teste de identificação de raças, utilizando discos de folhas de plantas diferenciadoras: 128/2 Dilla & Alghe; 32/1 DK 1/6; 33/1 S288-23; 110/5 S4 Agaro; Bourbon; 1343/269 HDT; H419/20; H429/10. O método consiste em coletar folhas do primeiro, segundo e terceiro pares de folhas, completamente desenvolvidas, formadas a partir da ponta do ramo das plantas diferenciadoras. Para a confecção dos discos utilizou-se de vazador de rolhas com diâmetro de 1,2 cm, num total de 12 discos de cada planta diferenciadora, dispostos sobre espuma umedecida em bandejas plásticas cobertas com vidro. Para cada amostra de uredosporos foi preparada suspensão com água na concentração de 1 mg/ml, e aplicada uma gota por disco. Nas primeiras 24 horas após a aplicação, as bandejas foram mantidas em ambiente escuro. Após esse período, o fotoperíodo
foi de 12 horas luz/12 horas de escuro, temperatura entre 22±2° C, criando condições favoráveis para o desenvolvimento do patógeno. A avaliação dos tipos de reação foi realizada 35 dias após a inoculação. As raças I e II foram utilizadas como controles e os uredosporos obtidos de plantas mantidas em casa de vegetação. A partir do resultado da leitura dos discos constatou-se a presença das raças I (v2v5), II (v5), III (v1v5) e, possivelmente, as raças XVII (v1v2v5) e XXII (v5v6). Especificamente para a raça XVII, serão necessários novos testes para confirmar a sua ocorrência ou se houve mistura das raças I e III. A presença da raça XXII suscita preocupações dos pesquisadores envolvidos no melhoramento do café, uma vez que as recentes cultivares derivadas de Híbrido de Timor ou de C. canephora que tenham os fatores SH5 SH6 passam a ser suscetíveis a esta nova raça.
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.