Resumo:
A cadeia produtiva do café no estado do Acre tem apresentado significativas mudanças nos últimos anos, especialmente nos segmento de produção agrícola e de processamento. Na década de oitenta, a maior parcela de café processado consumida no Estado era proveniente de outros estados do Brasil, existindo apenas duas pequenas torrefadoras locais. No início dos anos 2000, a indústria local já havia invertido essa proporção, sendo a maior responsável pelo abastecimento interno. Pouco se conhece a respeito da estrutura e do desempenho dessas indústrias e esse conhecimento reveste-se de grande importância na identificação das expectativas futuras de desenvolvimento da cadeia e da possibilidade de inserção no mercado dos países
vizinhos, Peru e Bolívia, com os quais o Governo Brasileiro assinou acordos para expansão das relações comer-ciais.. Este estudo foi realizado entre os anos de 2001 e 2002 e objetivou traçar um quadro da situação atual da indústria de torrefação e moagem de café em relação a três questões básicas para seu desempenho, que são a aquisição de matéria prima, as estratégias e condições atuais de processamento e comercialização. Foram identificadas as indústrias de café existentes no estado, em seguida foram aplicados questionários, através de entrevistas com representantes das indústrias de torrefação e moagem de café. Atualmente o estado tem nove empresas processadoras. A maioria das indústrias importa café Arábica em grão de outros centros produtores, mas o café Canephora é quase totalmente fornecido pelos produtores locais. A capacida-de
máxima de produção do Parque Industrial é de aproximadamente 550 toneladas, mas utilizam em média apenas 15% dessa capacidade total, o que indica baixa eficiência em gestão de recursos (ativos fixos) e elevado custo de produção, resultante da elevada participação dos custos fixos nos custos totais de produção. Por outro lado, esse nível de emprego da capacidade instalada representa oportunidade de ampliação da produção sem maiores investimentos. Dentre as indústrias observadas, 67% delas utilizam embalagens de almofada de 250g polietilenizada, 11% utilizam almofada e embalagens a vácuo, 22% utilizam almofada e pote de 500g. As indústrias utilizam diversos blends, sendo o mais comum 50% canephora e 50% arábica.. Os equipamentos utilizados, em geral, apresentam idade elevada, com alto custo de manutenção e baixa eficiência. O Setor emprega de forma direta cerca de 80 pessoas. A quase totalidade das indústrias apresen-tam somente uma marca comercial e apenas uma indústria tem uma segunda marca responsável por cerca de 10% da sua produção individual. Os principais canais de comercialização são, na ordem decrescente de impor-tância: supermercados, mercearias, padarias e atacadistas/distribuidores. As indústrias abastecem todos os municípios acreanos, algumas regiões do estado do Amazonas, de Rondônia e da Bolívia. A maioria das torrefadoras apresentaram expectativa de expansão no mercado consumidor e na sua produção sendo que 89% das indústrias não fazem planejamento estratégico de marketing. Porém, a maioria das indústrias utiliza
a estratégias competitivas de baixo preço e redução de custos. As maiores indústrias adotam a estratégia de diferenciação do produto e análise de mercado. Palavras-chave: Indústrias torrefadoras, café, processamento, comercialização
Descrição:
Trabalho apresentado no Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil (3. : 2003 : Porto Seguro, BA). Resumos. Brasília, D.F. : Embrapa Café, 2003.