Este trabalho analisa os significados atribuídos às mudanças em curso na atividade cafeeira pelas tradicionais organizações produtoras, da região do Sul-de-Minas. Procura-se compreender como, a partir destes significados estas organizações participam da construção de suas novas identidades e de seus ambientes. Parte-se de dois referenciais teóricos complementares: a abordagem das organizações como construções sociais e o paradigma da complexidade para compreensão da mudança e identidade organizacional, no contexto da modernidade. Foram realizados estudos multicasos de três tradicionais organizações produtoras de café do Sul-de-Minas. Tradição e modernidade são conjugadas por estas organizações num momento de expressivas mudanças a nível local e global. A crise da cafeicultura nos últimos dez anos (1986-1996), os altos custos de produção e a concorrência com áreas emergentes mecanizáveis, com custos menores e maiores níveis de produtividade, põem em questão a viabilidade da cafeicultura de montanha na região do Sul de Minas, principal região produtora do país. Por outro lado, o fim da regulamentação da atividade pelo Governo, o fim dos Acordos Internacionais do Café e os novos paradigmas de produção e consumo representam novo contexto de interação político, econômico e social. Procura-se mostrar como as organizações, representantes do setor produtivo da cadeia café, estão inseridas numa rede de causalidade mútua a partir da qual, as mudanças se desenvolvem segundo padrões circulares de interação. A participação ativa destas organizações na criação de novos arranjos institucionais e na construção de seus ambientes é demonstrada a partir das suas interdependências e relações com outros elementos da sociedade como associações, sindicatos e entidades políticas representativas do setor. Observou-se durante o processo de pesquisa que cada organização desenvolveu-se seguindo contingências próprias. As diferenças nas trajetórias das três organizações pesquisadas demonstram como a interpretação do ambiente é produto da própria identidade organizacional e como as dimensões constitutivas da identidade operam positivamente na construção destas trajetórias. As mudanças mais expressivas foram naquelas organizações que se envolveram em extensas redes de causalidade mútua combinando transformações dos contextos externo e interno, tornando novos elementos partes integrantes da organização de seus ambientes. Neste processo novos valores são agregados, valores e pressupostos antigos são mantidos ou reconsiderados. Novos enunciados relativos aos sistemas de produção emergem como possibilidades da época moderna. No que diz respeito as mudanças na gestão da força de trabalho predomina a lógica de transformação destas relações segundo moldes institucionais urbanos.
This study analyzes the significance of the changes in the course of coffee activity by the traditional producing organizations from the South Minas region. From the outcome, this study tries to understand how these organizations participate in the construction of their new identities and their environment. Beginning from two complementary theoretical referentials: the organizations approach as social constructions and the complexity of the paradigm to understand the change and organizational identity, in the context of modernity. Multicase studies of three traditional coffee producing organizations in the South of Minas were done. Tradition and modernity are combined by these organizations in a time of expressive changes at local and global levei. The coffee culture crisis in the last ten years (1986-1996), the high production costs and the competition with emergent mechanizable áreas, with lower costs and better productivities, question the viability of the mountain coffee culture in the South Minas region, the main producing region in the country. Onthe otherhand, the end ofthe regulamentation ofthe activity by the government, the end of the International Coffee Agreements and the new production and consumption paradigms represent a new context of political, economical and social interaction. This study tries to show how the organizations representing the productive sector of the coffee chain are inserted in a chain of mutual causality from which, the changes develop according to circular interaction standards. The active participation of these organizations in the creation of new institutional arrangements and in the construction of their environments is shown from their inter-dependency and relationships with other societal elements such as associations, unions and political entities representative of the sector. It was observed during the research process that each organization developed itself following their own contingencies. The differences in the trajectory of the three organizations researched show how the interpretation of the environment is a product ofthe organizational identity itself and how the constituent dimensions ofthe identity operate positively in the construction of these trajectories. The most expressive changes were in those organizations that got involved in extensive chains of mutual causality combining transformations of internai and externai context, making new elements integral parts of the organization of their environments. In this process new values are aggregated, old values and cultural presuppositions are maintained or reconsidered. New propositions related to the production systems emerge as possibilities in modern times. In relation to the changes in management of the work force, the logic of transformation of these relations according to urban institutional standards predominates.