Nos últimos anos, a cafeicultura brasileira vem passando por mudanças importantes motivadas por novos mercados consumidores mais atentos às questões do processo produtivo relacionadas à preservação ambiental, à saúde do trabalhador rural, às condições de vida da família rural, à qualidade do café e à segurança alimentar, entre outras. Tais mercados, que remuneram melhor por um café diferenciado, exigem dos cafeicultores a adoção de práticas mais sustentáveis de produção cafeeira. No caso dos cafeicultores familiares, para que essas mudanças valorizadas pelos consumidores sejam colocadas em prática, é importante o estabelecimento de políticas que fortaleçam o associativismo e o cooperativismo, além da produção eficiente e constante de cafés diferenciados. Esse café deve ser de elevada qualidade, produzido por meio de um programa técnico criterioso, capaz de posicionar decisivamente os arranjos produtivos perante esses mercados que estão cada vez mais próximos das propriedades cafeeiras familiares. O presente trabalho objetivou estudar o perfil técnico e socioeconômico de 56 cafeicultores certificados Fair Trade, filiados à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), participantes do projeto “Cafés Especiais” e integrantes do programa “100% Qualidade” e caracterizá-los em função das práticas agrícolas adotadas em suas propriedades cafeeiras. Para a obtenção dos dados em campo, foi utilizado um questionário estruturado tipo “Survey” entre os meses de março a maio de 2015 e as análises das informações ocorreu com o uso do SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences). Primeiramente, observou-se a existência de diferenças significativas entre os cafeicultores, o que possibilitou a identificação de dois grupos de entrevistados. O primeiro grupo foi formado por cafeicultores com menor área de propriedade e menor produção anual de café, porém com maior alinhamento técnico com as diretrizes do Projeto no tocante às boas práticas agrícolas, mas que apresentam dificuldades importantes na comercialização do café e o segundo grupo, constituído por cafeicultores que possuem propriedades maiores, mais diversificados quanto ao cultivo agrícola, que realizam a comercialização do café de forma mais eficiente, porém, apresentam limitações técnicas importantes no processo produtivo.
In recent years, the Brazilian coffee production has been undergoing major changes motivated by new more attentive consumer markets to the questions of the production process related to environmental preservation, health of rural workers, the living conditions of rural families, the coffee quality and safety food, among others. Such markets, which pay better for a different coffee requires from the farmers to adopt more sustainable practices of coffee production. For family farmers, so that these changes valued by consumers are put into practice, it is important to establish policies that strengthen associations and cooperatives, as well as efficient and constant production of differentiated coffees. This coffee must be of high quality, produced by means a careful technical program able to decisively position the clusters before these markets that are increasingly close to the family coffee farms. In this study the objective was to study the technical and socioeconomic profile of 56 farmers certified Fair Trade, affiliated to the Specialty Coffee Association of Norte Pioneiro of Paraná (ACENPP), participants of the "Specialty Coffee" and members of the "100% Quality" and characterize them in terms of agricultural practices adopted in their coffee farms. To obtain the data in the field, it was used a structured questionnaire "Survey" between the months of March to May 2015 and the information analysis occurred with the use of SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences). First, there is the existence of significant differences between the farmers, which allowed the identification of two interview groups. The first group was formed by farmers with lower property area and lower annual production of coffee, but with greater technical alignment with the guidelines of the project regard to good farming practices, but which have major difficulties in coffee marketing and the second group, consisting of farmers who have larger farms, more diversified as the crop, which perform coffee marketing more efficiently, however, present significant technical limitations in the production process.