Por muitos anos, o cafeeiro foi considerado uma planta pouco responsiva à adubação fosfatada. Entretanto, resultados recentes de pesquisa mostraram que esta cultura demanda maior quantidade de fósforo para desenvolver plenamente seu sistema vegetativo e reprodutivo. No intuito de compreender como a disponibilidade de fósforo é influenciada pela adição anual de doses de P no solo e como isso pode implicar no manejo de adubações fosfatadas futuras para o cafeeiro, este trabalho foi realizado com os seguintes objetivos: (a) quantificar as frações de P lábeis, moderadamente lábeis, pouco lábeis e total, associando-as às respostas em produção do cafeeiro (b) quantificar as frações inorgânicas ligadas a Ca, Fe e Al, associando-as à mineralogia do solo. Para tanto, foram analisados dois experimentos em áreas com cafeeiros em produção: (I) num Latossolo Vermelho distrófico típico (LVd), área irrigada localizada em Planaltina, DF, submetida à adubação fosfatada anual de 0, 50, 100, 200 e 400 kg ha -1 de P 2 O 5 , como superfosfato triplo, com três repetições em blocos casualizados; (II) num Argissolo Vermelho distrófico típico (PVd), área de sequeiro localizada em Cabo Verde, Sul de Minas Gerais, em dois talhões: um que recebeu a dose de 300 kg ha -1 de P 2 O 5 , sendo 2/3 como superfosfato simples e 1/3 como termofosfato magnesiano e outro no qual não se utilizou adubo fosfatado nos anos agrícolas avaliados, sendo as amostras retiradas em blocos casualizados com quatro repetições. Foram determinadas frações de fósforo nas amostras de solo coletadas nas profundidades 0 a 10, 10 a 20 e 20 a 40cm, conforme as metodologias de Chang & Jackson (1957), Hedley et al. (1982) e Bowman (1989). Observou-se que o cafeeiro irrigado mostrou-se responsivo à adubação fosfatada em fase de produção da cultura, obtendo-se ganhos de até 138% de produtividade com a aplicação da maior dose de 400 kg ha -1 de P 2 O 5 na safra avaliada. Os teores foliares de P do cafeeiro aumentaram com a aplicação de doses de P no solo e se estabilizaram em torno de 1,9 a 2,0 g kg -1 . A adição de fósforo ao solo afetou de maneira variável a distribuição das frações de P nas três profundidades avaliadas, promovendo incrementos na maioria das frações de P estudadas. O compartimento de P-biodisponível apresentou- se como maior reservatório de P do solo, embora o P-residual estimado tenha apresentado valores bastante expressivos na camada de 0 a 10cm. O P aplicado ao solo encontra-se principalmente ligado ao Al e esta é a forma de fósforo no solo que está predominantemente fornecendo o nutriente ao cafeeiro. As frações de P neste trabalho apresentaram a seguinte magnitude: P-Al>P-Fe>P-Ca.
During many years coffee (Coffee arabica L.) plants have been considered low responsive to phosphorus fertilization. However, recent research data show that these plants demand high phosphorus quantity to fully develop their vegetative and reproductive systems. Aiming to know how phosphorus availability is influenced by annual P doses and how they may influence the future phosphorus fertilization management, this work was developed with the following objectives: (a) to quantify the labile, moderate-labile, low-labile and total P fractions associating them to coffee yield; (b) to quantify inorganic calcium, iron and aluminum P fractions associating them to soil mineralogy. For this purpose two experiments were analyzed in two coffee production areas: (1) in a typic dystrophic Red Latosol (Oxisol) located in an irrigated area - Planaltina, DF, with triple superphosphate annual fertilization of 0, 50, 100, 200 and 400 kg ha -1 P 2 O 5 in randomized blocks with three replications; (2) in a typic dystrophic Red Argisol (Ultisol) located in an area without irrigation - Cabo Verde - south of Minas Gerais, in two production areas: one receiving 300 kg ha -1 P 2 O 5 , being 2/3 applied as simple superphosphate and 1/3 as magnesium thermophophate, and another with no P fertilization in the evaluated agricultural years, in randomized blocks with four replicates. Phosphorus fractions were determined in soil samples collected at three depths: 0-10, 10-20 and 20-40cm, according to Chang & Jackson (1957), Hedley et al. (1982) and Bowman (1989) methodologies. It was observed that the irrigated coffee plant responded to phosphorus fertilization, obtaining gains up to 138% of productivity with the application of 400 kg ha -1 P 2 O 5 dosis. The leaves P content increased with soil P application doses and stabilized around 1.9 to 2.0 g kg -1 . The soil P addition influenced the P fractions at all three depths studied. The bio-available P compartment showed to be highest soil P reservoir, although the estimated residual P showed substantial values at the 0-10cm depth. The P applied in the soil remains mainly linked to Al which is the main P form furnishing the nutrient to coffee plants. The inorganic P fractions presented the following sequence: P-Al > P-Fe > P- Ca.