Resumo:
Cultivares de café arábica geneticamente desprovidas de cafeína nos grãos ainda são inéditas no mundo e constituem uma importante alternativa para a produção de cafés naturalmente isentos de cafeína e com qualidade diferenciada, atendendo às necessidades de consumidores sensíveis a este alcalóide, e, ao mesmo tempo, permitindo que os produtores de café aumentem sua renda devido a possibilidade de agregação de valor ao produto final. Este trabalho teve como objetivo principal selecionar plantas que reúnam níveis adequados de produtividade, qualidade da bebida e baixos teores de cafeína nos grãos em uma população de plantas das gerações F2 e F1RC1 provenientes de cruzamentos entre genótipos geneticamente desprovidos de cafeína e cultivares comerciais. Como padrões de comparação foram incluídas variedades clonais desenvolvidas a partir de plantas mutantes AC além de cultivares elite. Os dados apresentados são médias das avaliações feitas em 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2103 onde foram avaliados aspectos agronômicos como produção, vigor vegetativo e reação à ferrugem, bem como a dosagem de cafeína nos grãos. Verificou-se que, de um modo geral as progênies obtidas por retrocruzamento apresentaram desempenho agronômico e potencial produtivo semelhante às progênies provenientes de autofecundação. Além disso, plantas com baixo teor de cafeína foram identificadas entre algumas progênies F2, mas esta frequencia foi maior entre plantas provenientes das progênies de retrocruzamentos. Como esperado, todas as plantas clonadas do genótipo mutante naturalmente sem cafeína e de alguns de seus descendentes previamente selecionados apresentaram teores de cafeína nos grãos inferiores a 0,1%. Os resultados indicaram a possibilidade de utilização de alguns dos genótipos selecionados para o desenvolvimento de uma variedade clonal ou ainda para o prosseguimento do melhoramento visando o desenvolvimento de uma cultivar propagada por sementes.